Em
nosso cotidiano somos constantemente bombardeados por imagens e
símbolos que remetem ao corpo perfeito, um padrão determinado por
tipos físicos magros, porte atlético, medidas proporcionais,
musculatura bem definida e percentuais de gordura baixos.
Aos
que se encaixam nos padrões, os olhares, as oportunidades, a fama.
Aos que fogem à regra, a tristeza, a vergonha, a inveja, ou a luta
incansável para se aproximar ao máximo possível daqueles modelos
e, assim, sair da invisibilidade e recuperar a autoestima.
Os
padrões que parecem impostos pela sociedade de maneira insensível
são determinados por nós mesmo quase que inconscientemente quando
enxergamos determinadas características como sinônimas força,
saúde e fertilidade. Uma herança evolutiva muito bem aproveitada
pela mídia e pelos que vendem seus produtos e serviços neste ramo.
Estes radicalizam esses parâmetros desconsiderando diferenças
étnicas, culturais e até mesmo limites genéticos, enrijecendo e
universalizando a imagem de “corpo ideal”.
E
deste cenário pouca coisa realmente benéfica se consegue extrair.
Na maioria das vezes, temos a frustração de quem lutou por anos a
fio, com dietas, treinos pesados, produtos cosméticos, intervenções
cirúrgicas sem alcançar definitivamente tal padrão. Ou ainda, a
revolta dos que se negam a limitar seus prazeres, “gastar dinheiro
e tempo” admitindo que viverão à margem desses parâmetros mas
aproveitando tudo o que a vida tem a oferecer.
Mas,
e como profissionais da área? O que devemos recomendar? Sim, nós
trabalhamos de certa forma com padrões de beleza. Alcançar
objetivos estéticos também faz parte dos objetivos de quem trabalha
com Educação Física. Porém, há um ponto crucial: como
profissionais de saúde, antes de “moldar” corpos bonitos,
buscamos, sobretudo tornar as pessoas saudáveis. Conciliar essas
metas seria o cenário perfeito, mas temos de reconhecer que não é
fácil, não é rápido e, infelizmente não é alcançável a todas
as pessoas (ao menos, não de maneira sadia, definitiva e segura).
Nos
cabe então, a franqueza com nossos alunos/clientes, ao explorar dele
toda a sua potencialidade ainda que não chegue ao dito padrão.
Construir na mente dessas pessoas a ideia de que embora não seja
necessário aceitar as pressões externas que nos são impostas a
ponto de querer recorrer a métodos perigosos e contraproducentes,
buscar alcançar tais padrões não é uma atitude reprovável. Ao
contrário, ainda que estejamos distantes dos “modelos de
perfeição”, cada passo (de forma segura e saudável) que damos em
direção a eles, nos afastamos do extremo oposto que seria o
desleixo com a saúde de forma geral, o que fatalmente nos levaria a
enfermidades e uma péssima qualidade de vida.
Sim, você se ama e
não precisa se submeter aos sacrifícios absurdos que
costumeiramente observamos, mas seu corpo precisa de cuidados
permanentes e você se ama o suficiente para manter-se sadio.
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